Ano passado eu morava num prédio que só tinha velhos. E naturalmente eu levava meus amigos pra tomar uma de vez em quando. E o síndico do prédio tinha contato com minha mãe por e-mail pois era dessa forma que ela pagava o condomínio. Até que ela recebeu um e-mail dele dizendo pra ela abrir os olhos em relação a filha dela. Que tinha quase certeza que eu era prostituta por causa da vida que eu levava. Ele me via saindo todas as noites arrumada. E durante o dia eu dava aula de ballet. Só que eu era promoter e produtora de eventos à noite de uma boate muito conceituada em Salvador (a Happy News que também tem em outros estados do Brasil como Minas e Rio de Janeiro).
Para ele, um velho de não-sei-quantos-anos deveria mesmo ser estranho uma menina nova morando sozinha, trabalhava ao dia aparentemente normal e à noite saia para fazer programas. Rs. Ah e mais um detalhe: a minha empregada é um travesti. O nome dela é Érika. Minha mãe tmabém questionava isso.
Como todos viram, ele me julgou por aparências que pra ele era diferente da rotina dele e já criou em sua cabeça maldosa suas conclusões sem ao menos ter trocado uma única palavra comigo. E aí eu disse pra minha mãe ontem: eu ligo e muito pra que os outros pensam ao meu respeito. Mas ligo quando se trata da verdade. Me importo com as pessoas do meu convívio, do meu trabalho. To pouco me lixando pra o que um vizinho velho, careta e mal amado pensa ao meu respeito. Se ele vai me julgar pq eu tenho uma emprega travesti, só me faz acreditar que ele é o tipo de pessoa preconceituosa e que eu jamais vou querer no meu convívio. Ela é travesti mas é tão filha de Deus quanto ele, quanto eu. Ninguém nesse mundo é melhor do que ela. Deus nos ama igualmente. Vou julgá-la pelo seu caráter e não pela sua sexualidade.
Depois ela (minha mãe) veio com um papo de que vivemos em uma sociedade e devemos sim satisfação a ela. Até concordo em partes. Minha verdade não é absoluta e eu não vivo sozinha no mundo pra querer tudo do meu jeito. Mas a partir do momento que não estou fazendo nada de errado, nem prejudicando ninguém, eu tenho o direito de fazer minhas escolhas. E se eu escolhi ter 9 tatuagens não é um zé povinho que vai me julgar uma pessoa pior do que eles. Isso eu não vou admitir nunca. E vou continuar sempre sendo quem eu sou. Desculpa mas não vou mudar pra agradar o vizinho. O importante pra mim é estar fazendo o certo aos olhos de Deus. É não prejudicar ninguém pra conseguir o que eu quero. É respeitar o ser humano pra ser respeitada. É viver a minha vida em paz. Me desculpe mãe mas seu papo é de careta. Ser careta não é não usar drogas. Ser careta é querer viver num padrão que a sociedade impôs e me desculpe eu sou da teoria weberiana. Que cada um é responsável pelo sua vida e ponto final.
Se eu tiver errada por favor me digam onde. Pq eu não vejo erro em ser quem eu sou. Não vou finjir ser quem eu não sou pra não pensarem mal de mim.
Eu sei que minha mãe quer me proteger do que podem falar de mim. Mas mãezinha, vc sabe quem eu sou. E isso pra mim já é o suficiente.
E tem mais: quando vc é verdadeiro, por mais que pensem seja lá o que for de vc, o universo conspira e mais cedo ou mais tarde a verdade virá à tona. Vc não vai precisar mudar de roupa pra isso.
"Preocupe-se mais com a sua consciência, do que com sua reputação, a sua consciência é o que você é. E sua reputação é o que os outros pensam de você, e o que os outros pensam de você é problema deles”.
Bob Marley – O CARA
See Ya!